Justificativa:

 

A implantação do catolicismo, no Brasil,  tem como marco oficial a primeira missa realizada em 26 de abril de 1500, cuja celebração foi oficiada por frei Henrique de Coimbra.

 

Porém demorou quase meio século para que um reduzido grupo de jesuitas desembarcasse no Brasil para fins de catequese. Nos barcos de Tomé de Souza, o fundador de Salvador, vieram junto, em março de l549, os soldados de Cristo, os homens-de-preto da recém fundada ordem de Santo Ignácio de Loyola. Eram apenas quatro: Padre Manuel da Nóbrega e o Padre Aspilcueta Navarro foram os mais famosos, depois, é claro, do Padre José de Anchieta que arribou mais tarde. A eles juntaram-se mais dois: Antonio Rodrigues e Pêro Correia.

 

E assim, através do tempo, com igrejas e capelas, orações, cantorias, procissões, conversões e batismos, e a chegada de mais padres e outras ordens (franciscanos, carmelitas, beneditinos e outros) a Igreja católica foi doutrinando, educando o nativo que aqui estava e o outro que aqui chegava (uma grande parte de degredados)

 

Claro que houve erros, intolerâncias, muitas vezes usavam ameaças ao Inferno, recorriam, por vezes, à "vara de ferro" e ao látego, erguidos contra o animismo, o feiticismo, a magia e a heresia do ponto de vista católico. Entretanto  a construção de uma Santa Casa aqui, um colégio acolá, uma cama de lençóis para um doente, um asilo para órfãos, fizeram com que o Brasil se transformasse numa das maiores nações católicas do mundo.

 

Podemos discordar da doutrina, da liturgia,  hierarquia, etc. da Igreja Católica Apostólica Romana, contudo não é coerente olvidar a contribuição inestimável do catolicismo na formação e unidade de nossa pátria. O ensino brasileiro nasceu com os jesuitas, a saúde pública através das Santa Casas, mantidas pelas confrarias. As artes, tanto na escultura, pintura, arquitetura, música, folclore etc. originaram no seio do catolicismo. Impossível descrever em poucas linhas toda a contribuição da Igreja em nossa História, em todas as suas ramificações. A Igreja representava a parte social do Brasil Colônia e do Império. Com a Proclamação da República, foi declarada a independência do Estado em relação à Igreja, e foi instituída a liberdade de culto, sendo Brasil declarado Estado Laico, isto é, isento de vínculos religiosos.

 

Mesmo não sendo mais religião oficial do Brasil, o catolicismo não esmoreceu, continua no seu princípio inalienável que é a fé na Santíssima Trindade, na elevação moral do homem e da família, no civismo  consubstanciado no amor ao próximo, à patria e aos símbolos que ela representa.

 

Em 1952 cria-se a CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil), idealizada por Dom Helder Câmara, a primeira agremiação episcopal do mundo com a finalidade de coordenar a ação da Igreja como um todo no território nacional. Cria-se, no Rio de Janeiro, idealizada pelo cardeal Dom Eugênio Sales, as Comunidades Eclesiais de Base. Essas comunidades participaram ativamente da vida política e reformas sociais no Brasil, sofreram duramente nos anos da ditadura militar.  Falar na conquista da democracia atual, sem lembrar-se da resistência à ditadura capitaneada por Dom Paulo Evaristo Arns, pelas posições corajosas de Dom Helder Câmara e outros, é contar a história pela metade. A Igreja tomou o rumo a favor dos excluídos, não ficando apenas na retórica, mas sim atuando em todos os segmentos através de suas pastorais, formadas pelos leigos, cujo símbolo maior foi a dedicação da saudosa Dra. Zilda Arns.

 

Em nosso calendário oficial temos importantes datas comemorativas, como Dia do Nordestino, Dia dos Espanhóis, Dia da Reforma Protestante, Dia da Bíblia, Dia do Maçon, Dia do Panificador, etc., entretanto não temos o Dia do Catolicismo. O que nos motivou a apresentação dessa propositura é a importância do catolicismo para a nossa sociedade, estabelecemos o último domingo de abril pelo fato de que o primeiro ato religioso da Igreja Católica ter sido realizado no dia 26 de abril de 1500. Podendo ser estabelecido outra data se a comunidade católica achar mais conveniente.

 

Por tais razões é que solicitamos o apoio dos Nobres Pares para a aprovação da presente propositura.

 

S/S., 02 de agosto de 2010.

 

ANTONIO CARLOS SILVANO

Vereador.